Aprender a Brincar
A construção do ser humano está, em grande parte, relacionada com as experiências que este possui na primeira infância.
Assim, partindo deste princípio, o investimento no desenvolvimento infantil saudável e equilibrado, como forma de potenciar o desenvolvimento afetivo, social e físico da criança, terá impacto direto no seu percurso de vida [3]. Os primeiros anos de vida, no que concerne ao desenvolvimento neurológico, são caracterizados pelo período com maior plasticidade, pelo que, a criança fica suscetível às influências resultantes das experiências que vivencia, com impacto direto no seu desenvolvimento global.
Assim, a qualidade das interações nos processos de desenvolvimento tornam-se essenciais para a determinação dos aspetos relacionados com a saúde e o bem-estar [5, 7 e 8].
Posto isto, a promoção de recursos favoráveis à melhoria das condições sob quais as famílias atuam no seu dia a dia, enquanto principais educadores das crianças, deve tornar-se numa prioridade para a comunidade [5 e 9]. Pois, “Os princípios básicos da neurociência indicam que oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento infantil é mais eficaz e menos custoso do que tentar tratar as consequências das adversidades iniciais mais tarde.” – Jack P.Shonkoff [3] Concomitantemente, podemos afirmar que as crianças não só aprendem melhor com os adultos que lhes são significativos e com os quais passam mais tempo, como também em situações quotidianas [1 e 2]. Os contextos naturais de vida, em prol do desenvolvimento de situações quotidianas, propiciam variadas oportunidades de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento da funcionalidade da criança [4 e 6].
Desta forma, uma das principais vantagens de enriquecer as rotinas e os contextos de participação da criança refere-se à maximização das oportunidades de aprendizagem global, comportando maior literacia para as famílias que com elas estabelecem relação.
A tecnologia veio abrir portas à exploração de novas ferramentas, métodos e técnicas, muitas vezes favoráveis à regulação social e comportamental. Posto isto, e pelo reconhecimento da importância de serem disponibilizados conteúdos às famílias sobre as atividades de estimulação (interação, linguagem, regulação, comportamento, cognitivas, autonomia e sensoriomotoras)) nas rotinas, o Projeto Aprender a Brincar consiste numa plataforma de apoio à família, tendo como objetivo potenciar as aprendizagens da criança até aos 6 anos de idade, através de estratégias a serem implementadas na sua rotina de casa.
A disponibilização deste recurso tecnológico, desenhado tendo por base uma habitação, que contempla os seus diferentes espaços (Cozinha, Wc, Quarto e Sala), disponibiliza estratégias práticas que contribuem para a literacia da família em desenvolvimento infantil, a diversificação das atividades promotoras de desenvolvimento, a otimização da funcionalidade da criança, assim como a participação das famílias na promoção de bem-estar.
Referências:
[1] Australia, R. (2021). WHAT iS EARLY CHiLDHOOD iNTERVENTiON?. https://re-imagine.com.au/families/families-what-is-early-childhood-intervention/
[2] CEECD, SKC-ECD. (2018). Aprendizagem por meio de jogos e brincadeiras: Síntese. Em: Tremblay RE, Boivin M, Peters RDeV, eds. Pyle A, ed tema. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. https://www.enciclopedia-crianca.com/aprendizagem-por-meio-de-jogos-e-brincadeiras/sintese. Atualizada: Fevereiro 2018. 6
[3] CEECD, SKC-ECD. (2021). Importância do desenvolvimento infantil: Síntese. Em: Tremblay RE, Boivin M, Peters RDeV, eds. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. https://www.enciclopedia-crianca.com/importancia-do-desenvolvimento-infantil/sintese. Atualizada: Abril 2021. 1
[4] Dunst, C., & Bruder, M. B. (2002). Valued outcomes of service coordination, early intervention and natural environments. Exceptional Children, 68 (3), 361-375. 9
[5] Grande, C. (2020). PrimeirosAnos.PT: A importância dos primeiros anos de vida: o papel da intervenção precoce. Consultado a 26 de abril de 2021, em http://primeirosanos.iscte-iul.pt/2020/06/03/a-importancia-dos-primeiros-anos-de-vida-o-papel-da-intervencao-precoce/ 2
[6] IM2. (2018). Práticas Recomendadas em Intervenção Precoce: Um Guia para Profissionais. 2ª edição, 75-99. 8
[7] Moore, T. G., Arefadib, N., Deery, A., & West, S. (2017). The first thousand days: An evidence paper. Parkville, Victoria: Centre for Community Child Health, Murdoch Children’s Research Institute. https://doi.org/10.25374/MCRI.5471779.
[8] Moore, T. G., McDonald, M., Carlon, L., & O’Rourke, K. (2015). Early childhood development and the social determinants of health inequities. Health Promotion International, 30(suppl 2), ii102-ii115. doi:10.1093/heapro/dav031.
[9] Shonkoff, J. P., & Levitt, P. (2010). Neuroscience and the future of early childhood policy: Moving from why to what and how. Neuron, 67(5), 689-691. doi.org/10.1016/j.neuron.2010.08.032